Rio de Janeiro, RJ – Em um momento crucial para o setor elétrico brasileiro e para a agenda climática global, a Abrage marcou presença no ENASE 2025, que acontece hoje (11/06) e amanhã (12/06) no Rio de Janeiro. Com o Brasil sediando a COP30 na Amazônia pela primeira vez, o evento se posiciona como epicentro das discussões sobre o papel da energia na transição energética, considerando as mudanças climáticas. A presidente da Abrage, Marisete Pereira, teve participação no painel “Adaptação e Mitigação às mudanças climáticas: Equacionando interconexão, segurança e resiliência no sistema”, onde apresentou o valor estratégico das hidrelétricas.
Marisete Pereira abordou os desafios e as imensas oportunidades que a matriz elétrica brasileira, predominantemente renovável, oferece. Embora a diversificação da matriz seja relevante, a expressiva expansão de fontes intermitentes (eólica e solar) traz novos desafios operativos, como a complexidade na garantia de confiabilidade e os recorrentes cortes de geração (curtailment) que penalizam as hidrelétricas. Nesse contexto, a presidente da Abrage enfatizou o papel insubstituível das hidrelétricas, as quais oferecem flexibilidade operacional, que permite ajustar rapidamente a geração, além do seu potencial de armazenamento em reservatórios, que funcionam como “baterias naturais”, garantindo o suprimento contínuo e o balanceamento do sistema.
Marisete Pereira ressaltou o potencial de expansão silenciosa e sustentável das hidrelétricas, que pode agregar até 11 GW por meio de repotenciação e modernização, além de 7 GW por motorização de poços vazios (sendo 5,5 GW cadastrados no LRCAP 2025) e 30 GW em novos projetos. O desenvolvimento de usinas reversíveis (com potencial de 38 GW) foi apontado como chave para ampliar a flexibilidade. Ela sublinhou ainda que as hidrelétricas fortalecem a segurança energética nacional, atraem investimentos e geram empregos com cadeia produtiva 100% nacional. Para a Abrage, a modernização regulatória é essencial para reconhecer e valorizar esses atributos sistêmicos, como a flexibilidade, armazenamento e serviços ancilares.
Ao ser questionada sobre a contribuição efetiva dos geradores hidrelétricos para a segurança e resiliência do sistema, Marisete Pereira foi categórica: “É fundamental avançar em legislação, políticas públicas e regulação que reconheçam o papel estratégico das hidrelétricas como fontes de geração firme, armazenamento, potência, flexibilidade, serviços ancilares e múltiplos usos dos recursos hídricos, além de estruturas de mitigação a eventos extremos como secas e enchentes. Nossas hidrelétricas não são apenas usinas; são a espinha dorsal de um Brasil que busca ser, ao mesmo tempo, um líder em energia limpa e renovável e um modelo de adaptação e resiliência climática.” A presidente da Abrage concluiu defendendo o aperfeiçoamento dos processos de planejamento e expansão, o fortalecimento da governança dos recursos hídricos e seus usos múltiplos e a garantia de estabilidade regulatória para incentivar investimentos em modernização e novos projetos, como as usinas reversíveis, garantindo a contribuição decisiva da hidreletricidade para uma transição energética segura, eficiente e sustentável.