Brasília, DF – A Abrage marcou presença no MinutoMega Talks, evento que antecede o grande encontro que ocorrerá em São Paulo no mês de setembro e que colocou o Leilão de Potência e o futuro da segurança energética brasileira no centro do debate. Realizado em Brasília nesta terça-feira, 04 de junho, o painel reuniu autoridades e especialistas para discutir os desafios atuais e iminentes do setor elétrico, com um alerta contundente sobre a necessidade de equilíbrio entre oferta e demanda de potência.
Alexandre Zucarato, diretor de planejamento do ONS, alertou sobre a previsão de déficit de potência que pode atingir 4,2 GW já em 2025, indicando um esgotamento dos recursos disponíveis e as graves consequências do atraso no Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP 2025). Em meio às preocupações, a flexibilidade foi amplamente citada como um atributo essencial para a segurança e a confiabilidade do sistema.
Foi nesse contexto que Diogo Mac Cord, diretor de Estratégia, Novos Negócios e Transformação Digital da Copel, defendeu a valorização da fonte hídrica, muitas vezes subestimada: “Parece que ninguém fala das hidrelétricas porque é o filho comportado que vai à aula, é faixa preta do judô, mas que precisa ser reconhecido por todos os seus atributos e valorizado por sua história, seja no passado, presente e futuro!”.
A Abrage, atuou no segundo painel, com a participação da presidente Marisete Pereira, que reiterou o posicionamento do setor hidrelétrico: os empreendedores estão preparados para o LRCAP desde o leilão realizado em 2021. Já foram cadastrados na EPE cerca de 5,5 GW de hidrelétricas, podendo chegar até 7,5 GW considerando a motorização de poços vazios e a construção de novas casas de força. Todos esses projetos já possuem aval da Aneel, no que se refere à aprovação do projeto técnico, dos órgãos ambientais para fins de licenciamento e da ANA, com relação à outorga de água. Além disso, também é possível entregar ao sistema mais 11 GW referentes aos projetos de repotenciação das usinas existentes, representando uma importante contribuição adicional de energia e potência. Um dado importante ressaltado é a capacidade das hidrelétricas de atender à rampa de demanda, demonstrando sua indispensabilidade.
O Secretário Nacional de Energia Elétrica/MME, Gentil Nogueira, complementou a discussão reconhecendo que há espaço para todas as fontes, mas enfatizando a necessidade de rever e apoiar a ampliação da hidreletricidade e reconhecer a sua reconfiguração no sistema, seja na repotenciação por meio dos poços vazios ou na retomada de novos projetos, além de outras fontes como térmicas a biodiesel, gás e baterias.
Ao final do debate, Marisete reforçou o apelo do setor: “É urgente que tenhamos celeridade na publicação da portaria para que o Leilão possa acontecer o mais breve possível, visando garantir a sustentabilidade e a segurança do setor elétrico, inclusive considerando um novo produto hidrelétrico para entrega em 2029”. O evento reforçou, portanto, que a segurança energética do Brasil passa, inegavelmente, pela valorização e pelo investimento estratégico nas hidrelétricas.